
Queria-te tanto. Queria-te tanto, que, um dia, pedi ao tempo para me emprestar tempo para te esquecer. Queria-te tanto, que as horas, para mim, eram longas demais para as gastar a pensar em ti.
Promete-me uma coisa. Promete-me que não vais voltar. Promete-me que não vou ter que hipotecar horas ao tempo da minha vida para voltar a viver perto de ti. Sabes, os empréstimos do tempo são demasiado caros para eu gastar a riqueza da minha existência com quem não me quer.
Queria-te tanto, que não podes retomar à minha vida. Estou demasiado ocupada para te voltar a amar. E, por isso, avancei, sem pensar, na direção do esquecimento. Tenho medo de que o passado possa voltar. Que eu tenha de reviver os minutos de todo esse sofrimento. Que possa não ter horas disponíveis para procurar outro amor.
Queria-te tanto. Sim, queria-te tanto, que o único caminho livre que encontrei foi esquecer-te. Apagar-te para sempre do passado, que não quero lembrar. É urgente deixarem de existir vestígios do que, um dia, foste.
Por isso, resolvi aproveitar todo o meu tempo livre para voar. Ganhei asas e fui em busca de outros sonhos, em busca de outros braços para abraçar. De repente, tu já não tinhas a dimensão do meu sonho. Tive que pedir ao tempo para me emprestar horas para te esquecer.
Queria-te tanto, que já não consigo medir esse amor. Não existem em mim quilómetros suficientes para alcançar a paixão, que ficou esquecida no passado.
E, na dúvida, deixei o tempo continuar o seu percurso. Tu tinhas deixado de ser o ponteiro certo para o meu relógio. Era tempo de acertar o meu fuso horário. As horas passariam a ser o que eu quisesse fazer com elas. Tinha todo o tempo do mundo para te esquecer.